Na sua ânsia migratória os lemmings, mesmo não sabendo nadar, quando têm pela frente um curso de água, tentam atravessá-lo morrendo afogados aos milhares.
Todos seguem os que lideram, todos se sacrificam vaga após vaga, uns atrás dos outros sem hesitações.
Nós humanos fazemos o mesmo, criamos lideres e seguimo-los, mesmo que isso nos leve à auto-imolação.
Milénios, séculos de existência, não eliminaram em nós essa tendência.
Ciclicamente procuramos a hecatombe, desejamo-la. Guerras, alterações climáticas que geram catástrofes naturais, pouco sábia repartição dos recursos disponíveis. Eis o caminho que trilhamos, sem sequer nos interrogarmos, sem sopesar consequências.
Mas este é um trilho rasgado no efémero, porque na verdade o lucro, se o houver, é residual, e para que faça sentido tem de ser apenas de alguns, é um ganho transitório. Cedo desaparece sem aproveitar à maioria para ser substituído por um outro caminho ainda mais danoso, ainda mais volátil.
A ocupação do Sahara Ocidental, qualquer ocupação, só faz sentido neste contexto, se as riquezas minerais aproveitassem a todos que utilidade teria a ocupação, a perda de vidas, o aniquilamento de uma cultura?
Que sentido fariam as armas? Os exércitos? Se a riqueza do planeta fosse a riqueza de todos?
Quem lucraria com isso?
A resposta não está nos fogos que se vão apagando, nos pequenos diques que se vão erguendo. Esse é o precipício em direcção ao qual caminhamos, como lemmings.
A resposta está na repartição justa dos recursos, na eliminação das desigualdades, na abolição das barreiras que só aproveitam a alguns, muito poucos e muito ricos.
A resposta não está no acessório, está no todo, na mudança de paradigma.
São muitos anos de suicídio colectivo.
Já Basta.
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