Avançar para o conteúdo principal

Três tristes tribos


Cada vez me convenço mais que a diversidade de costumes existente em Portugal, apesar do nosso diminuto território é um facto indesmentível.
Já diziam os antigos: cada cabeça, sua sentença. É bem verdade, e, na impossibilidade de nos expressarmos individualmente, lá vamos encontrando uma tribo correlativa para que não nos sintamos sós.
Tribo a tribo cumprimos o nosso percurso de vida, sempre adeptos do sábio lema que defende não ser a tribo de hoje, a mesma do amanhã; este processo que noutras paragens seria imediatamente apodado de falta de carácter, é entre nós, meio caminho andado para o sucesso. Para não ser entediante, pego num exemplo da lista de bem sucedidos tribalistas: Durão Barroso; dono de um percurso impar, de inegável sucesso, que o levou da militância num partido de extrema-esquerda, conveniente nos bancos da universidade, até à liderança de um partido liberal… traduzindo: da presidência de uma associação de estudantes, à chefia da Comissão Europeia, com uma fugaz passagem pela liderança do nosso executivo.
Mas no que a tribos diz respeito, existem ainda os apologistas do eterno retorno, ou seja, aqueles que como as plumas de badmington correm a vida entre duas raquetas; de cá para lá, de lá para cá. Destes darei também exemplo único: Cavaco Silva: de apartidário a líder de um partido liberal a apartidário outra vez, continuando a aspirar ser líder do referido partido… traduzindo: de ministro das finanças independente, a líder de um partido e primeiro-ministro, a Presidente da República supra-partidário com vontade de controlar o partido que liderou.
Também se encontram no mundo lusitano-tribal, aqueles que poderemos apelidar de ciscadores… são os que escolhem a tribo que está mais à mão, para que possam cumprir os seus desígnios pessoais; nestes as tribos são um instrumento, não uma zona de segurança.
A título de exemplo cito José Sócrates e aqui creio ser redundante qualquer tradução.
Como combater este atavismo, como erradicá-lo dos nossos genes?
A solução é complexa, mas aponto-vos um caminho.
Abertura de espírito! Abraçar a perspectiva do “outro”.
Assim sendo, proponho que nas próximas eleições, em lugar de colocarmos uma cruz, a sublinhar uma única proposta, preenchamos a totalidade do boletim de voto, assinalemos todas as propostas com uma cruz.
Depois eles que se entendam.
Se fizermos isto, acaba-se de uma vez com a cultura.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A historia da Girafa sem Pescoço

Era uma vez uma girafa, muito simpática, que morava numa enorme savana, lá bem no coração de África. Mas a nossa amiga girafa, não era completamente feliz. Tinha uma pequena mágoa sempre a roer-lhe a alma. À primeira vista ninguém conseguiria dizer que ela não era uma girafa como as outras, com o seu enorme pescoço e as manchas castanhas a cobrirem-lhe o corpo amarelado. Como as outras girafas, tinha o seu jeito desengonçado de andar e o hábito de mastigar as folhas que ia tirando das árvores. Quem a visse diria sem qualquer dúvida que ela era uma vulgar girafa, a viver a vida de todas as girafas, mas não era bem assim. Lá na savana, ao cair da noite, todos os animais se juntavam e conversavam, contavam histórias e cantavam juntos canções que iam inventando no momento, mas, a nossa amiga limitava-se a ouvi-los, porque da sua garganta não saía nem um ai. Por ter um pescoço tão grande, ela não conseguia emitir qualquer som, mesmo o mais insignificante e  era essa a causa da sua mel...

Ali onde tudo é possível

Ali onde tudo é possível Um equilíbrio de pé ante pé numa singeleza de voo de borboleta Um córrego pelas linhas do eléctrico a desaguar no Tejo Águas de levada, sonhos, ânsias, brisas Mesmo mesmo mesmo em frente à Sé, por cima das pedras fenícias, gregas, romanas, mouras, pedras com pedacitos da pele de quem por lá andou,  ouvem-se ainda os gritos do povo a chamar a revolta. “Querem matar o Mestre! Querem matar o Mestre” E o sol a girar, a girar, no milagre anual do Fernando de Bolhões E o Cesário, o Verde E tudo, mas mesmo tudo misturado no fado Tudo a ir A misturar-se com as águas do Bugio... com as naus e as caravelas e os veleiros de três mastros a zarparem para os Brasis que em Lisboa já se fala francês... O Rei e a Carlota Joaquina e a resma de piolhos e de cortesãos empoeirados que foram com eles, mais a régia biblioteca que por lá ficou. Imagino os molhos de sertão e de samba e de escravos negros, polidos a óleo de amendoim e a talhe de chic...