O OE para 2011 foi aprovado na generalidade. Foi discutido no Parlamento embora se soubesse de antemão qual seria o desfecho.
Um mau orçamento que leva à recessão todos o afirmam. Então porque foi aprovado?
Foi aprovado porque é o orçamento possível, esta é a defesa. É preferível um mau orçamento a orçamento nenhum.
Então para que serve um orçamento, se não existe possibilidade de elaborar um bom orçamento?
Estaremos nós condenados à perpétua mediocridade?
Pelos vistos o busílis da questão, não reside no orçamento e sim em quem o elaborou e permitiu que ele fosse aprovado.
Se eu fosse detective, iria à procura do dinheiro. Quem lucra com este orçamento? E quem perde?
Noutro plano, quem suporta os lucros? A quem interessa que os que perdem sejam estes e não outros?
Fica no ar a pergunta… por agora interessa-me saber quem são os actores, quem são os encenadores.
Foi notório que o Parlamento foi apenas o cenário final; muito antes do culminar da tragédia já a trama se desenrolava, umas vezes contida, outras histriónica e os actores, cumprindo o seu papel, iam ocultando num arrastar de suspense o personagem central desta farsa.
Desempenharam tão bem o seu papel, com tantos avanços e recuos, tantos tabus e revelações, que nós espectadores, chegamos a pensar que tudo era real, que se discutia de facto o devir do Estado, que lhes sobrava em empenho o que lhes sumia em competência.
Afinal, cedo nos desencantamos, todo esse fogacho não passava de um embuste, de um tabu de merceeiro… mas eis senão quando aparece o Mandarim.
Envolto em luz celestial, põe ordem no caos, com um gesto firme impõe o acordo.
Primeiro reafirma a sua vontade de prolongar o mandarinato, depois reúne os seus pares e depois, só depois, manifesta a sua vontade.
Salvou a pátria o Mandarim…
E com essa aura de desejado dirigiu-se ao povo:
"Os políticos são homens pouco credíveis, de baixos instintos, mistificadores e pouco honestos.
Sei-o bem porque estando entre eles há mais de uma década, liderando-os quase sempre, lhes conheço os hábitos".
O povo fica em êxtase, o Mandarim retira-se para o seu palácio cor-de-rosa e vai tranquilizar a Imperadora que vive na terra dos Nibelungos.
Será certamente mandarim por mais cinco anos. É esta a sua perfídia.
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