Bebi a groselha de um trago e a coisa começou a acalmar, a colher, entretanto caída sobre a toalha, estava vazia, Cláudia tinha partido… “Vá, vem comigo até à rua. Vai fazer-te bem apanhar um pouco de ar” disse João Juizinho numa voz de comando remoto, imperativa. Saímos. A dobrar a esquina, gritando compassados, um grupo de cabeças rapadas. “Hmmm, hmmm, hmmm, por cada esquina dobrada, um vendaval de pedrada” e atiravam pedras de calçada às pessoas, que aplaudiam entusiasmadas. “Hmmm, hmmm, hmmm, por cada esquina dobrada, um arraial de porrada” e malhavam na assistência, que batia palmas e incitava: “bis, bis, olá, olé, já levei um pontapé”. “Vamos mas é embora daqui. Não me apetece assistir a este espectáculo… É todas as noites o mesmo, sem duende, sem arte, sem chama, tudo meticuloso, tudo repetido…” disse o quase Desjuizo, enquanto me arrastava rua afora, aos tropeções nas caixas de esmola, dispersas pelos passeios, queixosas, abandonadas pelos deputados da República, que se tinham