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Curvo-me de vénia e genuína gratidão

Curvo-me de vénia e genuína gratidão.
Resume-se a isto o meu espaço de liberdade.
Agradeço imenso a atenção dispensada e não sou isento.
Não só não sou isento, como ainda por cima sou comprometido.
Tenho este terrível estigma, esta marca de ferrete.
Penso!!!
Atrevo-me a pensar. Deito-me, olho para o tecto e penso.
Poderia sonhar, embalar-me no tema do dia e sonhar…
Hoje vou combater o desemprego, a desertificação, a falta de vontade.
Hoje vou rejeitar o bocejo.
O Sol radioso e igualitário, o mundo multifacetado, pluri-colorido, temperado e sem incertezas…
Atrevo-me diria eu.
Mas qual quê?
Digo-vos sem rebuços!
Estou agreste como o Suão!
 Se calhar, porque essa ínfima partícula do sonho bateu a porta e foi-se…
Agora, neste instante, limito-me (que optimista sou) a pensar.
Ai Mãe o que vai ser de mim, de ti, de nós?
Que maravilhoso e conveniente paradigma se foi engendrando…
Pronto, tenho mesmo de sonhar…
Tenho filhos…
Tenho filhas…
Tenho mesmo de sonhar…
Sou presunçoso, exijo-me uma fasquia elevada, uma super, hiper, fasquia.
Super-Homem não come, não bebe, não dorme, não cheira, não necessita sequer de respirar.
Compra a gosto no super-mercado aquilo que não come, não cheira, não bebe.
Vê e compra.
Subdivide o tempo.
Tempo de qualidade para a família.
Tempo de trabalho.
Tempo de cognac.
Rápido como o relâmpago elimina ideologias.
Ser pragmático, saber priorizar, dar sempre o primeiro passo.
Que rico sonho, supremo contentamento…
Mas então?
Não sou isento, sou parcial, sou assim a modos que um peixe truta de águas batidas.
Não gosto de viveiros.
Sou grato pelo espaço, sou grato por estar aqui.
Mas penso que sonho que penso ou qualquer coisa assim a modos que.

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