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Museu do Design - muito parra pouca uva


Ontem teve lugar na Antena1 um debate que versou a manutenção do Centro de Artes Tradicionais enquanto tal, no espaço que hoje ocupa, ou a sua substituição por um Museu de Artesanato e Design ou Design e Artesanato a criar.
Participaram nesse debate a Dra Cláudia Pereira em representação da CME enquanto Vereadora da Cultura, a Dra Ana Borges, em representação da Direcção Regional da Cultura e o Dr Carmelo Aires em representação da "Perpetuar Tradições".
Ao contrário do que foi afirmado na introdução do debate, a Perpetuar Tradições não é uma Associação de Artesãos, é uma Associação com artesãos, mas é acima de tudo uma manifestação de cidadania por parte de muita gente, que não apenas de Évora concelho e que se bate pela defesa do Artesanato Alentejano, defendendo por isso a manutenção nos moldes actuais do referido Centro de Artes Tradicionais.
Convém referir que quem está encarregue da gestão do CAT é a Direcção Regional de Turismo, sendo ela por isso a responsável pelo declínio do espaço, pela pouca consistência do mesmo enquanto projecto, (actualmente entenda-se) pela constante diminuição do fluxo de visitantes que se tem verificado ano após ano.
Não existe da parte desta entidade um esforço visível e honesto para contrariar esta tendência. Pelo contrário tem-se verificado um progressivo e negligente desinteresse (será negligente?) de molde a colocar como alternativa à suposta falta de viabilidade; o fecho ou a reciclagem.
Recordo que um dos argumentos para a eutanásia é a falta de verba, mas, por outro lado, quem vai arcar com as despesas de instalação da colecção de design é a ERT. Em que ficamos?
Em relação à autarquia que afirma não ir ter despesas para além da contratação de um funcionário e daquelas decorrentes do funcionamento do espaço, lembro que já o poderia ter feito em relação ao actual projecto museológico, evitando assim que ele encerrasse portas por causa das férias da sua única funcionária...
Não vou referir aqui da viabilidade do Centro de Artes Tradicionais, já que de todos os pareceres emitidos pelas mais diversas entidades, não houve um único que sustentasse a posição assumida pela tríade Coleccionador, CME e ERT, pelo contrário todos inequivocamente se manifestaram a favor das pretensões da Perpetuar Tradições.
Não cabe também neste espaço polemizar com a Sra Vereadora da Cultura, mas recordo que não foi apenas o Centro de Artes da FCG que subiu ao Parlamento... a questão aqui em debate também. Pronunciando-se a ministra da Cultura de forma demolidora em relação às pretensões da tríade. Aliás outra coisa não seria de esperar; ou ter-se-á esquecido a Sra Vereadora das questões postas pela Assembleia da República à Câmara de Évora acerca da viabilidade do projecto, questões essas  que não obtiveram oura resposta que não fosse sacudir a água do capote dizendo que a ideia partiu da ERT e do Coleccionador, tendo a Câmara sido convidada apenas no início de 2010? Data essa que pelos vistos não corresponde à verdade, já que a Sra Vereadora afirmou neste debate ter a Câmara conhecimento do projecto, pelo menos desde o final do ano passado.
A falta de transparência retira toda a credibilidade a quem a pratica. Desde o início desta luta de cidadania que a informação tem sido sacada a conta-gotas e pior; o que nos é dito, a nós que detemos o poder e o delegamos através de eleições, nunca corresponde à verdade.
Afinal quem julgam os senhores que são?
Quem julgam os senhores que vos paga os ordenados?
Para quem pensam os senhores que trabalham?
Haja respeito!
(ouvir o debate aqui )

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