O candidato Manuel Alegre pretende congregar a esquerda.
O candidato Manuel Alegre tem agora a oportunidade de o fazer.
Basta-lhe para isso, afirmar a sua independência e dizer ao país o que pensa acerca destas medidas absurdas, destinadas a manter a situação de privilégio que vive o sector financeiro. Deste governo que defende as parcerias público/privadas, que sustenta as gordas reformas de uma minoria, roubando o pouco que ainda sobra no fundo dos fundos dos mais pobres.
Manuel Alegre, enquanto homem de esquerda, enquanto candidato da esquerda, que afirma ser, tem de inequivocamente apoiar o povo, de defender aqueles que não têm meios para sobreviver a este ataque violento dessa entidade espectral que se denomina mercado.
Não pode ser para um candidato corajoso, mais importante a eleição do que os seus princípios.
Não pode ser mais importante o apoio de um partido, qualquer que ele seja, do que a defesa da constituição, dos valores democráticos; do que a justa repartição da riqueza gerada por aqueles que trabalham e, na maioria das vezes vêem ser entregue de mão beijada, o produto do seu trabalho, aos alfobres dos especuladores.
Um candidato de esquerda tem de estar sempre ao lado do povo. Tem de abdicar dos seus interesses pessoais, tem de sacrificar-se para poder exigir sacrifícios.
Manuel Alegre já deveria ter saído a terreiro, já devia ter feito ouvir a sua voz. Espero que ainda o faça, que não se perca em declarações de circunstância, que não alinhe no jogo da direita.
Se quer o apoio do PS, tem de se demarcar da direcção do PS, tem de entender que a direcção do PS só o apoia oficialmente, para poder apoiar Cavaco em privado, tem de entender que não importa ganhar o centro, que o que conta é afirmar a esquerda, dar voz aos reformados, aos desempregados, aos trabalhadores precários, a todos aqueles a quem este governo roubou a voz e a esperança.
Manuel Alegre, se fizer isso, até pode perder as eleições, mas dará voz a um povo.
Querido Sampaio. Será que ainda acreditas em milagres? 100 anos depois da implantação da república, mais de 80 da revolução russa, a quase 40 do 25 de Abril? A história dá-nos lições. E esta do candidato Alegre nestas eleições é um gozo (há cinco anos ainda teve algum jeito, contra o camarada Soares - mas aí o candidato Louçã dizia cobras e lagartos de Alegre). E o apoio do BE + PS à actual candidatura do Alegre? É uma coisa a dar para o rísivel, na boa tradição do entrismo trotskista. O que se espera do BE? Nada: um partido que não é diferente dos outros. apenas tem menos história e mais deriva. Com o tempo será mais um verbo de encher (chouriços, como é este caso do apoio a Alegre).
ResponderEliminarDesculpa o tom directo. Mas os desiludidos são sempre os que estiveram nalgum momento iludidos. Começo também a ficar farto de desiludidos, numa altura em que a informação está à disposição de todos. E esta candidatura do Alegre pode ficar bem ao PS. Não fica ao BE (embora todos saibamos a estratégia de um sector importante do BE: a candidatura de Alegre, se ganhadora, podia fraccionar o PS e a a ala mais à esquerda fundar com o BE, e com alguns sectores do PCP, o verdadeiro partido de esquerda). São ficções, que quando o deixam de ser, se transformam em espartilhos. e transformam a luta pela transformação da sociedade numa verdadeira comédia.
Caro Sampaio: não sei que te diga, nem que te conte. Há tanto para fazer e ver gente como tu perder tempo em eleições, sejam presidenciais ou outras, é algo que me continua a causar estranheza.
Abraços fortes
CJ
Carlos Júlio, não posso deixar de agradecer o comentário e a franqueza que ele encerra.
ResponderEliminarNão acredito em partidos de massas, não vislumbro neles qualquer presente, muito menos futuro. Numa época que se afirma pela mobilidade, pela necessidade de resposta instantânea a solicitações que extravasam fronteiras territoriais, derroem limites doutrinários; a estrutura dos clássicos partidos de massas, é no mínimo anquilosante. A sua verticalidade isola-os do mundo e o mundo já não é apenas a rua, é muito mais do que isso.
O BE, não é tal, em lugar de albergar tendências, vive delas e faz disso a sua força, a sua deriva será neste sentido, aparente.
Não é a maioria que impõe, mas antes a convergência das múltiplas minorias que determinam os passos a dar. Minorias de mobilidade constante, determinadas pelas solicitações de uma sociedade também ela refundada na mobilidade e que exige respostas imediatas. Por ser assim, o BE, a sua organização, exige para funcionar, uma grande autonomia dos seus aderentes e isso agrada-me.
Não é ideal, se calhar é apenas contingente, prefiro no entanto a liberdade a actos livres, a Liberdade é de todos para todos, os actos são momentos, contidos no espaço, no tempo, por vezes reduzidos a uma cruz num boletim, a endossar uma proposta que não é nossa em absoluto.
Mas essa luta, é um caminho que não podemos percorrer sozinhos.
É a minha opção, questionável? Certamente.
Definitiva? Só enquanto eu concordar comigo.
Não sou um desiludido, sou um condicional; quando e se apoio, faço-o com um objectivo, que é: não quero o Cavaco, só a ideia de o ter como representante dos falantes de português europeus me revolta, me contende o espírito, me dá náuseas.
Sei que é inevitável um homem num cargo evitável.
Perfila-se Alegre enquanto manifesto de intenções, apoio as intenções. Se o homem as defraudar, desmonto a tenda.
Como desmontarei em qualquer circunstância, caso veja feridos os meus princípios libertários e internacionalistas.
Espero que a resposta te seja satisfatória, se não, por favor contesta, da discussão surgem sempre boas ideias.
Abraço amigo