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carta descartada


Vais deixar-me
alguma coisa
além dos gestos?
Algo além
das palavras ?
Nervos e músculos
e sangue,
somos todos nós!
Ou não é ?
E tu,
esperas o quê ?
Que dúvidas te assaltam
nesta incondicionalidade
de amor?
Esperas que cresça,
para te inventares
em aventuras que me não interessam ...
Não achas que há um espaço
só de nós dois ?
Ou pensas que depende apenas de ti
o crescimento de uma relação ?
Nunca paraste para ver que os teus mitos
não são os meus,meu caro.
De que me serve a história da tua vida,
se tenho de desvelar a hipocrisia das
tuas histórias ...
Não me vejas como projecção dos caminhos
que só tu imaginaste poderem existir.
O meu percurso tem contas
com que tu nunca poderás contar.
Não é o teu espaço que eu vou preencher, é o
meu oh tonto.
Pensas ou pensarás tu meu olhador de umbigo,
que só porque gosto de ti,
me condiciono às migalhas da tua experiência,
ou julgas que não tenho asas,
que preciso de ti para amar,
para cultivar o meu caminho ?
Os passos que eu dou são os meus passos,
e se confio em ti,
não te iludas,
é apenas uma questão de afecto
porque a terra que eu piso,
é aquela que eu quero desbravar,
não é a tua.
Isso oh superpresente é contigo ! ! !
Se estou no teu caminho
é porque sou, porque existo,
não me devaneies nas tuas miragens.
Não me peças aquilo
que eu não posso
sequer imaginar.
Deixa-me ser.
Senão como poderemos
nós ser um ganho ?
Como poderemos dar-nos ?
Inteira-te…

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