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Tudo Na Mesma

Temos motivos para estar contentes.
Em Portugal, acabadinhos de celebrar o centenário da República, podemos por fim lançar-nos para outras causas, de menor monta é certo, mas mesmo assim apesar da sua ligeireza, causas incómodas.
Uma delas é a adesão ao Euro e a perda de soberania que isso implica, ficamos reféns de políticas monetaristas, sujeitos aos agentes especuladores, sem meios autónomos para nos defendermos dos ataques cirúrgicos à nossa economia.
Está tudo nas mãos de um Banco Central Europeu, que o mesmo será dizer nas mãos da Alemanha, que o mesmo será dizer esmagados pelo capitalismo financeiro na sua versão global.
Estamos manietados e segundo nos querem fazer crer, impedidos de adoptar outras soluções que não apertar o cinto a fim de reduzir a dívida.
Só que não fomos nós que criamos a crise do subprime, não fomos nós que criamos o lixo tóxico, não fomos nós que engendramos esse jogo das cadeiras, esse totoloto que inevitavelmente acabaria como acabou: Os administradores de fundos enriqueceram e os investidores viram o seu dinheiro desaparecer.
Porém, não foram apenas os investidores. A consequência foi uma profunda recessão ainda sem fim à vista.
Financiam-se os bancos, para os mesmos nos venderem o dinheiro que lhes foi dado, com lucros faraónicos.
É a pescada de rabo na boca: não se investe, não se cresce, não há dinheiro para investir.
A pergunta é: quem será que tem de suportar os custos da crise?
A resposta:
Salário mínimo nacional – 475€
Vencimento mensal do presidente da TAP – 420 000€
Em euros; e se fosse em escudos?
Salário mínimo – 95 contos
Vencimento mensal do Presidente da TAP – 84000 contos
Em escudos dá para ver melhor a coisa, não é verdade?
No fundo de pensões da PT existem reformas de 50000 € (10000 contos em moeda antiga). No país existem pessoas a receber pensões de 230 € (46 contos em moeda antiga).
Não acham enternecedor que se baixem 10% dos salários mais altos?
Viva a República! 
Felizmente que cem anos depois tudo mudou, já dizia Leopardi…

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